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Mais de 60% dos brasileiros doam, aponta pesquisa

Pesquisa realizada pela organização britânica Charities Aid Foundation (CAF) sobre as práticas de filantropia nos países que formam o BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), mostrou que 61,5% dos brasileiros realizaram algum tipo de doação para causas sociais. No ranking, o país perdeu apenas para a China, cujo índice de doação chegou a 80,1% no ano passado, graças ao forte terremoto que atingiu a Província de Sichuan, que matou mais de 70 mil pessoas.

De acordo com o estudo “BRIC Giving”, os números apontam um crescimento da cultura de filantropia nos países líderes entre os emergentes. O levantamento — que entrevistou 5 mil pessoas, nos quatro países — sugere que as quatro nações podem atingir níveis de práticas filantrópicas comparáveis às de países como a Inglaterra. “Se várias pessoas estão escolhendo por doar para causas sociais, diretamente aos beneficiados ou via instituições, temos razões para acreditar que no futuro eles irão não somente definir a economia mundial, mas também o seu tecido social”, afirma a head de Desenvolvimento Internacional da CAF, Bea Devlin.

O crescimento da filantropia nos países citados pode ser explicado, segundo o estudo, pelas tradições solidárias presentes em suas culturas também influenciaram positivamente os bons desempenhos dos demais países. Além disso, o fortalecimento de suas economias no cenário local e internacional e a relativa melhoria dos padrões de vida da população ajudaram a estimular os impulsos filantrópicos e, como conseqüência, a qualificá-los.

Brasil Apesar dos dados positivos, o levantamento indica que grande parte das doações que as pessoas afirmam fazer são aquelas com forte caráter assistencialista e pouca potência para a transformação social. Exemplo disso é o empate técnico entre doações diretas e indiretas: enquanto 40% dos brasileiros confiaram seus recursos para organizações sociais investir, 39% afirmaram doar diretamente para pessoas de baixa renda. A proporção entre doadores que realizam essas ações diretamente é quase o dobro dos que são intermediados por organizações sociais (21% e 43% nos casos de doação de tempo; e 19% e 34% na doação de produtos).

Mesmo tendo apresentado uma média alta de doações individuais (80,2 dólares nas quatro semanas anteriores à pesquisa) o mercado filantrópico brasileiro ainda está voltado para atender necessidades básicas e imediatas da população. Para o diretor presidente do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (Idis), Marcos Kisil, as falhas do Estado na garantia de direitos como educação, saúde e assistência social criam demandas que são atendidas pela iniciativa privada.

Olhar Internacional O aumento da filantropia dos países que compõem o BRIC não é surpresa para quem acompanha o assunto. No ano passado, quando o GIFE promovia o 5º Congresso GIFE de Investimento Social privado, em abril, a secretária executiva do Rússia Donors´ Fórum, Natalya Kaminarskaya, já apontava o crescimento das doações, sobretudo, pelas empresas russas. “Essas organizações passaram a considerar o investimento social como uma oportunidade de se destacar no mercado.

A boa relação com as comunidades e regiões próximas aumentava os rendimentos das empresas”, contou. Se na Rússia o empresariado lidera o movimentos, na Índia é a população, segundo a representante do Child Rights and You (CRY), Ingrid Srinath. “A visão filantrópica na Índia ainda é arcaica. Boa parte da arrecadação de recursos vem de doações de indivíduos que, em maioria, possui baixa renda.

A fragilidade do setor empresarial também prejudica os investimentos social”, argumentou. No mesmo evento, a diretora executiva da Asia Pacific Philanthropy Consortium, a filipina Rory Francisco-Tolentino, também falou do aumento do investimento social privado. Segundo ela, na China, eles costumam ser muito direcionados pelo fator pessoal (identificação religiosa, étnica). “O chinês possui uma cultura filantrópica tradicional, herdada do período comunista, que valoriza e estimula os investimentos sociais no terceiro setor”, garantiu.

*Com informações do site do Idis. FONTE: http://www.gife.org.br/redegifeonline_noticias.php?codigo=8328&tamanhodetela=4&tipo=ie

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