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Vulnerabilidade e Risco Social: muito além do principio econômico.

Liu Fat Kam*

Para a maioria das pessoas, vulnerabilidade e risco social são sinônimos de pobreza. Uma das formas mais frequentes e conhecidas de se medir a pobreza é a linha de pobreza, definida a partir de um padrão de consumo alimentar. Dessa forma, uma pessoa é classificada de pobre se a sua renda per capita não for suficiente para proporcionar o acesso àquele padrão alimentar.

As entidades governamentais têm adotado o valor equivalente a meio salário mínimo vigente per capita como linha de pobreza, sem considerar a representatividade do salário mínimo ao valor real de compra em determinado tempo e local. No entanto, a vulnerabilidade que coloca as pessoas em risco social tem uma dimensão muito além da carência econômica.

Outros tipos de carência como desnutrição, condições precárias de habitação e saneamento, subemprego, subconsumo, falta de integração e suporte familiar e baixos níveis educacionais e culturais têm a mesma importância que a econômica. Uma instituição privada ou pública que realmente deseja reduzir o percentual da população em situação de risco social deverá ter em mente essa abordagem multidimensional de vulnerabilidade.

Uma das opções mais eficazes para atingir esse objetivo é o aumento da escolaridade e da qualidade educacional e cultural para esse segmento da população. Com uma melhor e maior bagagem educacional e cultural as outras carências poderão ser suprimidas. Crianças e adolescentes como foco de atuação é uma alternativa estratégica que deverá trazer resultados positivos e sustentáveis, uma vez que eles serão os protagonistas dessa mudança.

Uma criança ou adolescente, com circunstâncias de vida desfavoráveis, estará exposto a todo tipo de violência, ao uso de drogas, ao crime, além de estar privado de vivências afetivas e culturais, fundamentais para o pleno desenvolvimento biopsicosocial. Neste contexto, é de extrema importância uma parceria moderna, integradora e conseqüente entre o setor público e privado, porque nenhum dos dois resolverá sozinho o desafio.

É preciso que os dirigentes, tanto das organizações privadas quanto dos organismos públicos de assistência social, tenham essa visão mais ampla de população carente e entendam a multifatoriedade do risco social.

*Liu Fat Kam é médico, formado pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro, com pós-graduação e especialização em Medicina Preventina e Ocupacional pela Unicamp. Integrante do quadro executivo da Fundação Romi desde 1976, ocupa atualmente o cargo de Superintendente. Foi membro do Conselho Diretor do GIFE por 2 mandatos e membro do Conselho Fiscal também por 2 mandatos.

FONTE: http://www.gife.org.br/redegifeonline_noticias.php?codigo=8389&tamanhodetela=4&tipo=ie#

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