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03 d August d 2017

CAPTAÇÃO INTERNACIONAL DE RECURSOS

Diversificar as fontes de recurso deve fazer parte da estratégia de captação de todas as organizações. Com a diversificação, somos menos dependentes de poucos doadores, conseguimos lidar melhor com as crises e é possível planejar de forma mais adequada o investimento da própria organização. Dentro dessa linha de raciocínio, uma boa maneira de diversificar na captação é pensar no financiamento internacional.

A captação de recursos internacionais pode ser feita, principalmente, de duas formas: desenvolvendo parcerias de longo prazo com organizações financiadoras (grantmakers), ou enviando projetos para os editais dessas e de muitas outras organizações.

A primeira opção é cada vez mais difícil hoje em dia: os grandes financiadores internacionais se retraíram, ou mudaram de foco, e é menor a chance de se conseguir um parceiro de longo prazo, daqueles que investem recursos por anos seguidos na nossa organização, e permitem que esse recurso seja usado da forma como melhor entendemos, inclusive em despesas correntes.

Já a segunda opção, enviar projetos para editais de financiadores internacionais, é cada vez mais comum. Nos últimos quatro anos, desde que comecei a listar os editais internacionais disponíveis para organizações brasileiras, encontrei mais de 120 financiadores, e esse número não para de crescer.

E quem são esses financiadores? Eles podem ter várias origens: são agências governamentais de países desenvolvidos, como União Europeia (Europeiad) e governo dos Estados Unidos (USAid), e são bancos multilaterais, como BID e Banco Mundial.

Podem ser também agências da ONU, e são várias delas com editais abertos todos os anos, como o Fundo das Nações Unidas para a Democracia (UNDEF) e a ONU Mulheres (UN Women).

Mas também são organizações da sociedade civil, são ONGs, de pequenas a grandes, que financiam projetos no mundo todo. Nesse caso, há desde a Fundação Bill & Melinda Gates, a maior “grantmaker” do planeta, como o Fundo Guarda-Chuva Vermelho (Red Umbrella Fund), que apoia pequenos projetos de grupos que abordam o tema da prostituição. Há de tudo nesse mundo, um grande mix de organizações pelo planeta e de causas que elas apoiam financeiramente.

Sim, de fato o cenário é bastante completo e complexo, com centenas de financiadores de todos os tipos, e não é possível imaginar que qualquer organização consiga manter o acompanhamento diário de todos eles, para saber quando os editais são anunciados, os seus prazos, suas características, etc. E é por isso que sempre indicamos alguns centros de informação (hubs) que prestam esse serviço: acompanham os editais internacionais e divulgam a informação sobre eles, facilitando o nosso trabalho.

A maior e mais importante referência é o FundsForNgos (www.fundsforngos.org), um site europeu, criado por um indiano, que faz algo bastante singelo: envia um e-mail por dia com as informações dos editais internacionais abertos. Ele é gratuito e em inglês.

No Brasil, nós temos também como grande referência a página da ABCR, a Associação Brasileira de Captadores de Recursos (www.captacao.org), onde sou Diretor Executivo. Diariamente, publicamos notícias, muitas sobre editais nacionais e internacionais, e é possível se cadastrar para receber um boletim semanal consolidando todas essas informações, que permitem um acompanhamento dos possíveis financiamentos. É gratuito, e em português.

Manter-se atualizado sobre os editais é fundamental para ter sucesso no desafio de trazer recursos internacionais para o Brasil. Os prazos são sempre rígidos, sem exceção, e por isso um planejamento adequado do envio da proposta é necessário. É preciso também de profissionais que dominem o idioma dos editais, geralmente o inglês, e que saibam escrever de forma adequada, superando os chavões e informações sem consistência científica.

Com isso, acesso a informação e planejamento, é possível pensar na captação de recursos internacionais como uma boa forma para a diversificação das fontes da organização. Para dar certo, claro, é necessário investimento e tempo, e uma boa dose de paciência. Em uma época de restrições e crise econômica no país, trazer dinheiro de fora pode parecer uma boa ideia – inclusive com a desvalorização atual da moeda brasileira.


João Paulo Vergueiro, Diretor Executivo da ABCR – Associação Brasileira de Captadores de Recursos, administrador e mestre em administração, professor assistente na FECAP e Coordenador do Grupo de Excelência de Administração do Terceiro Setor, do Conselho Regional de Administração de São Paulo – abcr@captacao.org.


 

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